terça-feira, 24 de junho de 2014

Sobre a maturidade e como ela está chegando pra mim

No alto dos meus sábios 20 anos sofri uma grande decepção amorosa. Ou pelo menos eu achava que era grande na época.
Doía tanto que era algo quase físico, eu sentia a dor, ali no meio do peito. 

O rapaz, um típico adorável cafajeste, estudava comigo e após dilacerar meu pobre coraçãozinho juvenil com traições e mentiras descaradas em meio a sorrisos e sotaque sexy, resolveu que traria a nova eleita para assistir às aulas conosco. 

Que anjo, não? 

Obviamente isso não poderia ter doído mais. Era humilhação pública além da dor da desilusão. Era muito pra mim! 

Nossos colegas de sala me olhavam com aquela cara de piedade, sabe? Aquele olhar de 'coitada dela, que dó' e eu ficava enfurecida além de dolorida e humilhada. 

Numa dessas vezes em que humilhação, dor e fúria transbordavam de mim através dos olhos, uma amiga um pouco mais velha, devia ter seus 30, 31 anos, me viu chorando, obviamente entendeu o motivo e disse algo que na hora eu achei a maior balela do mundo.

- Ká, com quantos anos você está?
- 20 - respondi soluçando
- Ah, como o sofrimento é grande nessa idade, né? Vou te contar um segredo: no caminho pros trinta, quase nada doi mais assim.

Obviamente eu desacreditei disso.
Como assim traições e humilhações públicas como essas não vão doer!? 
Que mentira de quem quer me consolar a qualquer custo!

Ela continuou:

- É sério! Aos trinta, tudo fica pequeno, menos urgente, menor. Passa a ter a importância que precisa ter, ou até menor.

Ouvi, parei de chorar e guardei aquele momento pra mim. Como minha memória é parcialmente eidética (se é que isso existe), lembro como eu estava, como ela estava nesse momento, onde estávamos e tudo que foi dito até hoje. Então, quando digo que guardei, é porque guardei mesmo.

Os anos passaram e daquele dia até hoje tanta coisa já me aconteceu. Meses depois perdi uma pessoa da minha família e esta perda me fez entender o que era dor sem remediação. 

Tive outros dois relacionamentos que tiveram como desfecho situação parecida, mas talvez a recuperação de tudo isso tenha sido menos difícil, ou tenha se tornado ao longo dos anos

Por que eu falei tudo isso? Ah, sim! Para concluir que minha amiga lá atrás, há 5 anos, estava mais do que certa!

Quando ela me disse que as coisas seriam menos urgentes, menos sofríveis, eu desacreditei, mas hoje concluo e sei que vão doer sim, sempre, mas com outra intensidade, com outra urgência, com outra gravidade! 

E, afinal, qual é o nome disso? Maturidade respondo a mim mesma. 

Os relacionamentos tem menos importância, as brigas são menos drásticas e dramáticas, as aflições estão mais para preocupações práticas do que existenciais.

Da mesma forma como hoje em dia me resguardo de atritos, como discussões por bobeira já não inflam o leão que há dentro de mim, como simplesmente deixo pra lá, deixo passar, esqueço, diminuo a importância. 

Isso, acredito eu, é a maturidade chegando lentamente e ao mesmo tempo de repente! 

Era isso!

2 comentários:

  1. Ah Ka... que belo texto, me vi em meio as linhas deste! Até me emocionei, o que não é difícil tratando-se de minha pessoa (kkkkk). Que lindo que é o amadurecimento da alma né... Parabéns!!! Bjos :*

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