segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Hoje não dá!


Eu ando por aí e as ruas estão ruins. Com mais buracos? Talvez. O ar, quente demais, frio demais. Venta demais. Venta pouco.

E o sol? Ora aparece, ora se esconde. Nas duas situações é inconveniente. 

Por que esse céu azul? 

E quando chove? Ah, que chuva chata e ausente! Cadê a chuva? Por que não para de chover?

As horas, sempre passando rápido e lentamente, nunca suficientes para fazer tudo ou para ficar sem fazer nada.

E as pessoas? Que interessantemente e tediosas são. Sempre insuportavelmente legais.

Nenhuma música dura mais do que trinta segundos no meu fone. As minhas preferidas não me agradam. Nenhum timbre me comove.

Não sei se quero muito ou se tô querendo errado. 

Nada tá bom. Nada é bom. Nada é suficiente.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

No such thing...

O anúncio do show de John em São Paulo era ansiosamente esperado por mim (e pela maior parte dos fãs que não conseguiram ingresso para o Rock in Rio) e, quando aconteceu no dia 21 de maio, gerou todo tipo de expectativa e uma certeza: seria inesquecível!

Como se tornaria padrão depois dos shows, o Brasil teve tratamento especial: a divulgação foi com imagem da bandeira nacional e tudo que temos direito.

Quem não é fã nunca vai entender as próximas linhas, mas nós que temos esse prazer, entendemos muito bem!

Com a chegada do dia 19 de setembro, a minha expectativa pessoal era se ele tocaria a minha música! E quando falo ‘minha música’ é porque sempre foi a minha preferida. Provavelmente a primeira que ouvi de John, a que faz mais sentido pra mim, a que vou eternizar na pele em breve e a que me despertou pra ser fã do cara: NO SUCH THING!

Passei o dia buscando em todas as tags, seguindo todos os fãs que estavam na porta do hotel, que o encontraram no aeroporto, qualquer ser de luz que compartilhasse um momento dele em solo nacional.

Minha alegria foi gigantesca quando Gabe Simas (cuja música preferida também é No such thing!) postou em seu twitter que o John tocaria a ‘nossa música’ com os Meninos do Morumbi.

Fiquei aliviada e ainda mais ansiosa! O que John estaria planejando para aquele encontro? A hora tinha que passar rápido!!

Cheguei à Arena e, confesso, mal acompanhei o show do Phillip Phillips. (Desculpa, Phill, era ansiedade e emoção demais).

Quando finalmente as luzes se apagaram, e os Meninos do Morumbi apareceram quando ela foi acesa novamente, eu já sabia: No such thing viria! Seria a abertura!

As luzes se apagaram de novo e os primeiros acordes me fizeram chorar!

Qualquer palavra que eu diga sobre como me senti naquela hora não será fiel o suficiente.

Ele tava ali na minha frente, tocando a minha música, na minha cidade e era de verdade. Não era mais sonho, não era mais imaginação! Era real!

Ironicamente a primeira frase da música indicava isso: ‘Welcome to the real world’!


Obrigada, John, por ter me apresentado o mundo real, onde você existe e esteve aqui pertinho cantando a minha música!

Era isso.

KM

terça-feira, 24 de junho de 2014

Sobre a maturidade e como ela está chegando pra mim

No alto dos meus sábios 20 anos sofri uma grande decepção amorosa. Ou pelo menos eu achava que era grande na época.
Doía tanto que era algo quase físico, eu sentia a dor, ali no meio do peito. 

O rapaz, um típico adorável cafajeste, estudava comigo e após dilacerar meu pobre coraçãozinho juvenil com traições e mentiras descaradas em meio a sorrisos e sotaque sexy, resolveu que traria a nova eleita para assistir às aulas conosco. 

Que anjo, não? 

Obviamente isso não poderia ter doído mais. Era humilhação pública além da dor da desilusão. Era muito pra mim! 

Nossos colegas de sala me olhavam com aquela cara de piedade, sabe? Aquele olhar de 'coitada dela, que dó' e eu ficava enfurecida além de dolorida e humilhada. 

Numa dessas vezes em que humilhação, dor e fúria transbordavam de mim através dos olhos, uma amiga um pouco mais velha, devia ter seus 30, 31 anos, me viu chorando, obviamente entendeu o motivo e disse algo que na hora eu achei a maior balela do mundo.

- Ká, com quantos anos você está?
- 20 - respondi soluçando
- Ah, como o sofrimento é grande nessa idade, né? Vou te contar um segredo: no caminho pros trinta, quase nada doi mais assim.

Obviamente eu desacreditei disso.
Como assim traições e humilhações públicas como essas não vão doer!? 
Que mentira de quem quer me consolar a qualquer custo!

Ela continuou:

- É sério! Aos trinta, tudo fica pequeno, menos urgente, menor. Passa a ter a importância que precisa ter, ou até menor.

Ouvi, parei de chorar e guardei aquele momento pra mim. Como minha memória é parcialmente eidética (se é que isso existe), lembro como eu estava, como ela estava nesse momento, onde estávamos e tudo que foi dito até hoje. Então, quando digo que guardei, é porque guardei mesmo.

Os anos passaram e daquele dia até hoje tanta coisa já me aconteceu. Meses depois perdi uma pessoa da minha família e esta perda me fez entender o que era dor sem remediação. 

Tive outros dois relacionamentos que tiveram como desfecho situação parecida, mas talvez a recuperação de tudo isso tenha sido menos difícil, ou tenha se tornado ao longo dos anos

Por que eu falei tudo isso? Ah, sim! Para concluir que minha amiga lá atrás, há 5 anos, estava mais do que certa!

Quando ela me disse que as coisas seriam menos urgentes, menos sofríveis, eu desacreditei, mas hoje concluo e sei que vão doer sim, sempre, mas com outra intensidade, com outra urgência, com outra gravidade! 

E, afinal, qual é o nome disso? Maturidade respondo a mim mesma. 

Os relacionamentos tem menos importância, as brigas são menos drásticas e dramáticas, as aflições estão mais para preocupações práticas do que existenciais.

Da mesma forma como hoje em dia me resguardo de atritos, como discussões por bobeira já não inflam o leão que há dentro de mim, como simplesmente deixo pra lá, deixo passar, esqueço, diminuo a importância. 

Isso, acredito eu, é a maturidade chegando lentamente e ao mesmo tempo de repente! 

Era isso!

sexta-feira, 21 de março de 2014

Procura-se


Estou procurando por alguém


Alguém pode me ajudar?  

Pera lá! Não é qualquer alguém


É alguém cuja voz me arrepia. 


Que o cheiro inebria

Que a visão cega e mesmo assim me faz ver o mundo melhor


Alguém que com o toque enlouquece


Que a presença sufoca tanto quanto a ausência


Seu calor me incendeia 

Conhece alguém assim?


Talvez te ajude se eu disser que esse alguém ocupa todos os meus pensamentos


Ocupa minha vida e meus assuntos


Meus dias pertencem a ele...


A quem quero enganar? 

Ninguém vai encontrá-lo


To procurando por você

quarta-feira, 19 de março de 2014

Sobre virar a página e fechar o livro


Sempre fui militante do poder de um novo amor para esquecer o antigo.

Acreditava (não acredito mais?) piamente que nada poderia ser mais eficaz na vida do que conhecer (ou reconhecer) alguém novo para virar uma página tão rabiscada e rasurada da minha vida.

Terapia, ombro amigo, tequila, um livro de autoajuda, nada, simplesmente nada, acreditava eu, seria tão eficiente quanto um amor novinho em folha.

Mas a vida, sempre tão bandida, mudou essa que era uma das minhas maiores convicções. Mais do que convicção, era experiência própria, aconteceu comigo dessa forma durante a vida toda.

Depois de um período de celibato e autoconhecimento necessário, acabei por sacar qual é a desse ditado de que só substituímos um amor com outro.

O outro, obviamente, teria que ser algo muito maior e mais forte para não me fazer apenas virar a página (e às vezes voltar e reler mais um pouquinho, que mal há?), e sim fechar o livro.

O outro amor, sem nenhuma dúvida hoje sei, é o amor próprio.

Ah, estou tão apaixonada, cegamente apaixonada. Estamos em um relacionamento seriíssimo, acho que dessa vez dá casamento.

Esse amor me acorda todas as manhãs com bons pensamentos e me conduz leve até o fim do dia. Faz-me sorrir sozinha e me enche de alegrias fulminantes.

Diz aí: não é espetacular e completo um amor assim? Convivemos bem quase todo o tempo e ele ainda me faz ter bons sonhos. Não há cobranças doentias, não há ciúme!!

Se temos crise? Ah! Temos, evidentemente. Mas são tão passageiras que não doem. Não machucam. Não comprimem o estômago.

Foi preciso passar pelo desamor irremediável para alcançar o amor próprio e pleno.

Tem a melhor parte: esse amor próprio e lindo me permite abrir um novo livro. 

E não é que tenho tido carinho por um ali na estante. Ando querendo que seja o meu novo livro preferido.


Era isso.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Up side down



Não sei se viro menina,
se viro mãe,
se viro todas.
Se viro artista,
se viro vento
ou viajante
Viro santa
ou viro doida.
Quem sabe viro onça
Viro a mesa,
viro o jogo,
viro a página,
viro a vida do avesso
e viro outras.
Sim,eu me viro.








Yohana Sanfer